Debaixo do sofá ou no canto da janela
Nos assentos das cadeiras
Ou no closet, nas gavetas das meias e cuecas
Ou lá na cozinha, no armário de tantas xícaras
Ao lado da cafeteira, torradeira ou frigideira
Na dispensa, debaixo do pacote de feijão
Na geladeira, junto à sacola de pão
Nas mesas, sejam de cabeceira ou de jantar
Em nosso escritório ou em nosso mundo particular
Na varanda, nos varais ou na cerca...
Onde será que foi parar aquele verso, para que não se esqueça
Talvez, seja em algum lugar mais íntimo
Com um batuque, deveras, repetitivo
Existiria lugar melhor para guardar tantas poucas palavras?
Ou seria só mais um devaneio neste mar que nos acalma.
A poesia chega, vez ou outra
Nas formas corriqueiras, numa certeza duradoura
Talvez o romantismo esteja enferrujado
Mas o amor...
Está sempre do nosso lado.
R.