dezembro 31, 2011

Retrato falado.

Era uma vez um menino sapeca,
Que pulava a cerca para matar aula,
Escalava árvores para colher seus frutos
E apreciava a vista de um lindo lugar!


Em uma época muito movimentada,
Este menino pôs-se a chorar...
E sua mãe perguntava: "Por quê?".
E o menino soluçava dizendo: "Nada hei de fazer...".


Talvez para conter o choro,
Ou para enfim contemplar seu tesouro,
Que mesmo com tanta bronca em seu peito,
Silenciara sua dor que parecia não ter jeito...


E este menino ainda está em uma história,
Seja a biografia de qualquer memória!
Porém, não tardou e muito pouco antecipou,
Este menino sapeca que ainda não sabe de sua peça, peca!


Que a vida lhe faz em meio as cicatrizes,
De muros e árvores e cercas tão mais felizes.
Este menino que tem um mundo em absoluto,
Poucos tentaram destruír em menos de um minuto.


Com um ventilador...


Rafael Nicolay

dezembro 30, 2011

Mais valor?

E quanto vale a vida?
Qual seria um propósito válido?
Digna de título ou mérito
Ou de um frescor enclausurado?

E quanto pesa a comida?
Que sai da Terra à panela,
Para nela retornar e sem tigela...
Em tratamento, deveras, para poder acordar.

Levante menino!
Veste a touca e coloca a roupa,
Deixa a voz rouca ecoar!
Entre postes e passarelas...

Pontes e aquarelas, mas agora?
Sim! E com o propósito de vitalizar!
A teoria à prática,
Quando a memória é fraca...

Em tese, pequeno gafanhoto,
Ainda tens o que fazer e descobrir,
O cobertor e o véu, presos!
E perceber que não é hora de dormir...

Ou sentir-se indefeso,
Pois nada acontece ao ato que permanece preso
Dentro da caixola.

Rafael Nicolay

dezembro 26, 2011

Mares...

Me tire e atire no peito, no leito...
Deste sol imenso,
Anzol para o céu.
Me faça transbordar, me faça caminhar!

Atenda o meu chamado, entenda!
Tantos os significados que não cabem ou não valem...
Esforços em vão.
E quantos achados que são considerados uma lição.

Grite! Caminhe pescador!
Saiba do teu valor para amanhecer,
Madrugar e reconciliar tanto a lua como o sol...

O vasto e o lençol,
Ante a terra, antes da serra...
A baía, águas da alegria...

Em si.

Rafael Nicolay



dezembro 24, 2011

Xmas.

Feliz Natal!
Eis algo curioso,
Como um gesto majestoso,
E entre tantos És como um tesouro...
Fez o céu anunciar!

Em estrela eminente,
Vista de todo o Oriente,
E aos templos sem o saber,
O Que estava para chegar.

Seria Alguém?
O Que seria?
Algo de bem?
Luz! Alegria!

Em discretos versos gostaria de anunciar,
O pleno véu que deixa-nos cegar,
Ante ao Espírito, o presente...
Ante ao Filho, um trenó faz-se evidente.

Eis um mistério!
Seria o da fé?
De fato, o que é sincero?
São os presentes que nos deixam de pé?

"Jesus.".

Rafael Nicolay


dezembro 23, 2011

Caro Leitor,


Faz-se necessário recitar tal poesia, texto ou melancolia.
Explicar que o céu não é tão azul quanto parece,
Interpretar o véu de quem casa, e o de quem rejuvenesce...
Ponderar entre montes, perambular entre pontes e... Viver!


Apreciar a arte de forma intrínseca,
Explicitar palavras!
Emoldurar a parte de forma implícita,
Como quadros dentre salas.


Subjetivar tantos contextos,
Textos que hão de proclamar,
Um dia, jovens sem pretextos,
Aliás, apenas o de poetizar...


E caro Leitor, poemas são como quadros!
Muitos enxergam apenas formas geométricas,
Outros conservam a lei da inércia,
Ante a visão de sonhos, se encontrar...


"Um brinde a poesia!".

Rafael Nicolay

dezembro 18, 2011

Velejar...

Eu queria o presente,
De bandeja e sem moleza,
Queria o agora para toda hora...
E contínuos laços de quem sabe cantar.

À vida e a poesia,
Entristece-me tantas regalias...
Que despencam de pedestais,
E demonstram-se tão banais.

Eu queria o controle dos tempos,
Amores!
Queria as flores... Dos ventos,
Sabores!

Encantar o mundo com pernas de pau,
Ser levado ao cume, em uma montanha tropical...
Conhecer tantas grandezas, limites, fatoriais...
Entender tamanha gentileza, entre a raiva e o ódio, mortais.

"E eu queria tudo, mas não sabia de nada...
Como convencer o "todo e tudo" com estes olhos de pirata?".
Rafael Nicolay




dezembro 13, 2011

Vida de inseto.

"Redondos ou triangulares,
De qualquer forma são todos quadrados!".
E me sobe um arrepio,
Tal qual um assovio,
Talvez seja a verdade...
Ou quem sabe, a falta de realidade?

E quem sou eu para julgar?
Critico até minha sombra,
Pobre coitada!
Não tem como retrucar...

Esse medo em resquício,
Esse fantasma do ofício...
Mas não eram fantasmas?
Ou eram, apenas, palavras?

Pensamentos condimentados,
Opa! O que foi consignado?
A liberdade ou as mazelas?
As lágrimas ou seu passado?
Refém de todas elas...

E me assustam,
Definem por definições!
Enclausuram, atormentam,
Tantos poucos corações!

E por fim perecem,
Em um melancólico e sombrio...
Fantasmagórico lugar!
São estes que trazem o frio!
Estão em qualquer pensar...

"São estes...
Os insetos interiores!".

Rafael Nicolay

dezembro 10, 2011

Chaveiros.

E somos amigos,
Amigos de fato,
Amigos em ato...
Repito, amigos.

Não sei!
Muito bem o que digo ou o que defino,
Amigo é amigo,
Ponto, vírgula ou rima?

Intactos à vida,
Porém, o material,
Nos deixa refém...
Ante o essencial!

Mas amigo, então digas,
O que está perdido?
O que é a vida?
Esta que tanto desejo...

Anseio, procuro,
Desperdiço meu tempo,
Pulo até outros muros...
E até deixo meus versos soltos.

Como em um diálogo maroto,
Malandro é malandro,
E eu fico perambulando...
E te pergunto: Amigo! O que é amigo?

"Talvez seja a essência,
Talvez a aparência,
Mas amigo... Sempre estou contigo!".

Rafael Nicolay 


dezembro 08, 2011

O sono.

Sabe... Eu queria dormir...
Tirar minhas amigas do rosto,
Estas olheiras profundas, aqui,
Que não saem nem por desgosto.

Eu queria deitar, por mais um...
Segundo... Hora... Dia...
Fechar os olhos e nenhum,
Ser para acordar, tamanha ousadia.

Talvez fosse a falta de chuva,
O cheiro de terra,
Lágrimas de viúva,
O gosto da serva...

Servo do cotidiano,
Escrevo do coração...
Eu queria dormir!
Deitar-me-ei aqui no chão...

"E se alguém reclamar,
Eu falo que estou dormindo...".

Rafael Nicolay

dezembro 06, 2011

Pensas.

Se escrever, logo cresço.
Ao buscar, desperdiço.
Um sonhar, estranho berço,
Ao pensar, logo existo.

"Sem mais...".

Rafael Nicolay

dezembro 04, 2011

Ventania.


Texto e a alma,
E como se intercalam,
Textualizar, suavizar,
De fato, acalma.

Poesia para poucos,
Ou tolos que queiram ler,
E escutar, até acreditando,
O que um simples poeta tem a dizer...

Entre o verbo e o fardo,
O comisso, o entediado,
A procura de um laço,
Que me entrelaça o sentido.

Este, por fim,
Emoldura-se vago,
Aos planos que visualizo ao crescer,
Entretanto...


"São elas, entrelinhas, que me fazem viver.".

Rafael Nicolay

dezembro 02, 2011

Balões!


São de balões...
Todas as poesias,
Todas as alegrias.

Alguns inflados,
Outros nem tanto,
Outros ainda pelo ar...

Cheios de vida, de gás,
Inovando o ambiente,
Fugindo do evidente...

Voando e voando,
Como poetas,
Às pessoas.

E não omitem,
O quanto estão felizes,
Mas mentem...

Em algum momento,
Ao que lhes é convincente,
Mentem para si...

Do que sentem aqui,
Dentro de uma caixa,
Entre tantas faixas...

Sim, é o amor,
Não, é a paixão,
Opa! Mais um balão...

"E balões tendem a cair...".

Rafael Nicolay

dezembro 01, 2011

Ô mãezinha!

Ô mãe, me dá um abraço!
To com medo, vem cá, do meu lado...
Dá benção mãe,
Faz machucado sarar!

Mãe, ô mãezinha,
'cê' que sempre falou...
Ó, você tava certa!
Consegui, viu mãe!?

Ei mãe, nossa, a senhora tá bem?
E o remédio? E as receitas?
O médico disse que você não pode se esforçar...
E olha você ai, pra lá e pra cá!

Mãe! Mamãe!
Nossa, cadê você?
Você, justo você.
Que saudade!

Saudade de quando remédio ardia,
Mas você estava ali pra assoprar,
Saudade de quando você me protegia...
De bicho-papão, monstro no armário ou debaixo da cama...

Mãe... Nossa, que falta!
Sim, estas são minhas lágrimas por ti...
Mas mãe... Obrigado...
Sabe, todo esse carinho, esse apoio...

"Foi assim que eu venci!
Com você... Dentro do peito.".


Rafael Nicolay