janeiro 31, 2017

felicidade

alegria que bate no peito
além da matéria e dos trejeitos
que permite um fôlego e um carinho
tal qual o ombro amigo, tanto querido

és como uma jornada no meio da vastidão
com pontos cintilantes e sem qualquer direção
apenas mergulhar e respirar
eis que a resposta cá está...

de que adiante perseguir os mesmos ciclos
se, no fundo, reproduzimos os mesmos vícios?
tal qual a pedra no fundo do mar
és sempre hora de tirar a areia e deixá-la brilhar

resplandece como o aconchego no coração
ilumina as profundezas da alma na solidão
és o próprio caminhar com quantas pernas quiser
e deixar o vento soprar, à matéria, para o destino que vier

e a flor desabrocha em meio ao concreto
o sorriso atravessa o silêncio do decreto
que de paciência colore o caminho
e de amor, revela-nos o Eu, mas sozinho?

R.

janeiro 30, 2017

vredade

me disseram pra ser arte
optei pela forma da poesia
conquistaram meu coração de Marte
permaneci, aos romperes, em demasias

cíclicas do meu coração,
diretas, na contra-mão
certo de que um dia chegarei lá
mas existe provação maior que esperar?

adianto meus passos,
tropeço em meus vícios
perdoo-me como de praste
mas calejo-me ou avanço sobre o ciclo?

de tantos questionamentos,
a solução pode ser mais simples do que aparenta
e de vaidade vivem a maioria dos homens
certos de que ao azar, o seu olhar afugenta.

R.

janeiro 29, 2017

Poema da sinceridade

Vem de dentro,
a força das palavras
Ecoando pelo vento,
nas matas povoadas

És sincero,
como quem sabe que do chão tudo nasce
E à ele tudo volta,
renasce.

Vem do coração,
algumas palavras que tendo balbuciar,
Outras vem na contramão,
artimanhas do ego, para me ludibriar.

De todas as palavras,
gestos e poesia...
Eis que a verdade nos olhos persiste junto desta maresia

Por fim, chega novamente a dúvida,
angústia e inconstância.
Mas eis que me agarro
a esses sóbrios momentos
em que minha alma, livre, canta!

Como o brilho do olhar...

R.

janeiro 24, 2017

dor latente

vem na mente, sem se perceber
instala-se no peito, sem se ver 
perdura até o leito, é pra doer
e quando não se aguenta mais...

o vento remedia
os cortes que a vida faz
e o tempo traz a cura
para o agora e o demais

de todo excesso
sobram-se motivos
transbordam lágrimas
fecham-se sorrisos

que consigamos seguir adiante
nesse mundo de gente tão distante
e não esqueçamos da lição...
é no amor que está nossa salvação.

R.

inspira

Acorda, respira, levanta...
Água, café, comida.
Caminha, anda, corre
Trabalha, cansa, suor escorre

Tropeça, rala, machuca
Respira, sente, senta.
Sobe, escala, aguenta!
Conhece, não esquece...

Entende, aprende, estuda...
Vive, encanta, pede ajuda!
Chora, ri, lembra e sorri.
Veleja, dirige, voa...

Morre, renasce, resplandece...
Padece, perdoa, enjoa
Raça, espécie, limpeza*
Homem, mulher, natureza.

*Limpa de si, com firmeza.

R.

controle livre

vem na carne
cana, cama
apego, afeto
sexo

sinceridade na alma
impulso da valsa
mas cadê?
não existe tantas vertentes pra se escolher

limpeza, natureza,
calma, água
rio, correnteza
pureza

vaidade? porquê?
vontades, de você?
de mim. de tudo. do todo.
verdade.

resiliência, potência,
força
paciência
liberdade

viver, sem ter
crêSER.

R.

janeiro 23, 2017

carinho

É como afagar o cabelo
Sentir um cheiro de café
Ou a terra com o pé

Mas não por uma saudade
Sem consciência...
Sem amizade ou apenas por carência

Eis que meu coração ainda
Enxarca o pano envolto
Com as boas e bem vindas

Novidades do extremo nacional
Me perdoe pela licença da poesia
Mas ainda sinto o cheiro desta maresia

E não que isso seja ruim
Apenas dói sem querer
Vai sanar... Com amor e caminho

Seguindo, deveras, este carinho.

R.

janeiro 15, 2017

fôlego

continua marinheiro
no seu barco à remar
não esquece do cruzeiro
e com o Sol se levantar...

há trabalho no formigueiro
nesse mundo em contramão
as vezes criamos asas de guerreiro
em outras, permanecemos no chão

neste terreiro, de joelhos
nos lembramos dos ensinamentos
na verdade, que bebemos
cuidamos dos pensamentos

cabe a toda tormenta
um dia apaziguar
trazer os ventos refrescantes
para nosso Deus sempre amar.

por fim deixo a razão
um cado de lado...
permito ao coração
se livrar destes fardos...

que nos deixam sem ação
até o primeiro passo...
nos mostram na repetição
os ciclos que nos ferem com aço.

R.


janeiro 14, 2017

travessa, travessia.

entender que a tristeza tá dentro
é aceitar que tudo vem do mesmo lugar
e por mais que seja lindo o fato de viver
eis que existem travessias que nos fazem sangrar

por hora, eu sei o que eu queria
e também sei o que eu preciso
mas é de tanto saber que existe sentimento
que não tem razão ou cabimento

apenas o fluir... deixar vir...
como um rio lava suas pedras
meus olhos inundam minha selva
de pele, pelos, odores e relevos

quiçá, seja nesse poema que expurgue o necessário
mas sei, em meu íntimo, do trabalho árduo e diário
cabe portanto orar... pedindo para que esvazie o peito
de tanta nostalgia, que me deixa até sem jeito...

de lidar... é quase como se autoflagelar.

R.

janeiro 10, 2017

dualidade

vem por mansidão
até que arrebenta com um estrondo
e apresenta-se como dragão
és a consciência sem sua função

com labaredas e a ferocidade em mãos
chega, portanto, em tanto, no coração
a vontade que atropela
a vaidade que nos cega

é como um trovão
que assusta os arredores
para quem não tem firmeza de seus pormenores

chega a partir das águas calmas
como a força do guerreiro que insiste em nadar
até o lado opositor do rio

e, como um réptil preciso e minucioso
atira-se em bote, rumo à presa com gosto
mas eis que as pedras rolam do céu...

e tamanho ser, desfalece-se de seu véu.
apresenta-se como força interior
há de ser domada, pelo seu próprio feitor

ante o rugido de mais um trovão
surge igual alvoroço
e a força que segura as rédeas

equilibrando a alma e o coração
respirando e respeitando
tamanho momento da revelação

trazendo luz junto com a monção.
transbordando o rio que segue sua direção
salve o guerreiro e salve o domador de seu próprio dragão.

janeiro 05, 2017

verão

tamanha era a força do vendaval
que adentrava meu peito
e expurgava todo mal...

entendido ou omisso
perante o sentimento
eis que encontro-me em semelhante momento

de tentar remover as mazelas da visão
esta, que procuro no sentido do coração
mas que como tempestades veraneias

acarretam tamanha força e titubeiam
os faladores, certos de si
e também os sofredores, aqui ou ali

por fim, tudo termina na mesma questão
o que será, deveras, dessa relação?
amor de verão ou não, assumo o agora

como solução repentina
até que se passe, a tormenta vespertina.

R.