O lápis pintou em um papel de pão
O que o poeta escreveu a mão
E deixou o nada que ali tinha
Em cores que seu peito mantinha.
Entre o vermelho paixão e o vermelho amor,
O amarelo ouro e o azul sem cor,
Às nuvens do céu e tantas aquarelas escritas no papel...
O poeta deixou e não se lamentou.
Permitiu ao mundo que olhasse o seu tesouro,
E com tanto zelo postergou a guarda de seu ouro...
Mas aos olhos rancorosos da vida e do Homem,
Amedrontou-se pelos temores que tantos outros ali comem.
Mas como quem não sabia de nada,
Seu ouro era uma donzela pintada
Com o verde em seus pés e o azul em suas mãos,
O amarelo em suas vestes e o vermelho em seu coração...
E ali estava sua pequena princesa,
Em papel feito mar, à pequena sereia!
Por fim o mundo pôde conhecer
A essência do seu simplório poeta ao dizer
O que poucas almas falam,
O que os olhos dizem, mas as bocas calam!
O que perdura entre a frequência e a ausência da dor...
A verdade do poeta que falava de amor!
"E como dizia o poeta:
'Eu te amo, minha prosa inquieta!".
Rafael Nicolay