maio 18, 2017

curai-me

é de cura que necessito
nos meus mais íntimos devaneios
ao alimentar o que sinto
preciso, deveras, de conserto.

mas sei que isso depende das minhas ações
e a cautela com que passo por palavras
disciplina e humildade
perante a humilhação de quando eu chorava

ante a perceber toda a beleza no mundo
e estagnar neste ciclo inóspito
podes pensar que estou louco
e afirmo que é verdade, porquanto ignoro

esses detalhes ínfimos
mas que desbancam sistemas inteiros
e eu, incrédulo, esperançoso
acreditei no sentimento ilusório como verdadeiro

me perdoem as palavras
de fato, em demasia
sou um ser prolixo
e devo conter minha própria dramaturgia

por fim, entendo
que a cura é novamente um adeus
que seja definitivo
pois sei o que o passado já me deu...

lembranças boas demais
para querer chorar.

R.

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