fevereiro 28, 2012

Terra nostra!

Voz ativa que clama por lar
Saborear um prato, um lado!
Um sapato, um deitar!
Uma terra, um lago.

Um plantio e uma colheita
Uma semente desta empreita,
Terra é terra, é de direito
Para quem planta e colhe... Nela!

Desfruta o proprietário
Da propriedade sem orvalho,
Um latifúndio é isto!
E é nada mais que um inço!

Terra é terra, é de pai!
É de filho e de Ave Maria!
É de quem pisa sobre ela,
É de ninguém, mas é de todos nós...

"Romper as cercas da ignorância,
Que produz a intolerância,
Terra é de quem plantar!".

Rafael Nicolay

fevereiro 26, 2012

Costureira.

Devoro a ti com meus olhos,
Pupilas dilatadas em êxtase,
Verdade afagada em teu zelo,
Perfume de anjo em teus cabelos!

Desejo emanado pelos poros,
Vontade acamada...
Acata-me o colo!
Sem briga e sem guarda.

Eis o meu anseio,
E para tal devaneio não possuo fármaco,
Deixo em tuas mãos minha cura,
Retraio-me em teu cerne.

Revido teus atos com valia,
Exponho-me em trapos,
Pois é o que sou,
Retalhos guardados...

"Costurados com dor...".

Rafael Nicolay

fevereiro 24, 2012

Cobertores.

Um, dois, três ou tanto faz...
O que importa é fugir do frio, meu rapaz.
Seja com o lençol ou com o cobertor
Ou seja com alguém cheio de amor.

E não importa o verso da noite
Ou o brilho do luar!
Quando o respirar é ofegante,
Pondero entre a nudez e o bailar...

Bailar de corpos ocos com almas em marte,
Olhares fixos ao outro e o resto está à parte.
Beleza pura com sutil esplendor...
Sutiã na cintura e não existe mais o pudor.

Emana o respeito em um singelo ato,
Tocando em teu seio, meu anseio de fato...
De alguma forma pleiteio este dom...
Este amar e por fim, este edredom.

"É tudo descoberto,
Debaixo das cobertas.".

Rafael Nicolay

fevereiro 22, 2012

Ciclos

Deito em ti,
Mas por ti retiro-me.
Entre a cena e o ato,
Detenho-me!

Encanto-me, mas me abstenho.
Controlo a ti por nós,
Englobo vos... Englobo tu...
Entendo entretendo.

Levanto em ti,
Deleito-me eu teu seio,
Proclamo a ti,
Recito meu receio.



Deixo em palavras visuais,
Época de "Témporas", estação carnal,
Em prol de nossa emoção, do "nós"
Sem cobertores e com o frio, neste Natal...

"Entrego-me a sós". 

Rafael Nicolay

fevereiro 20, 2012

Disparado.

Poesia em casa, na rua, no teatro.
Poesia ou poema, tanto faz!
O que importa é recitar o mais alto,
Com algo a mais, algo que bem faz.

Poesia para o metrô, biblioteca e pivô.
Algo bom e ao mesmo tempo retrô,
De tempos antigos e sem malícia,
Vidas tranquilas e promessas como dívidas.

Poesia para o centro da cidade,
Centro religioso, centro de intimidade,
Poesia para gente que canta e dança
E não tira o pé do chão enquanto a música não acabar...

Ou seria a noite? O dia?
Melancolia não me falta,
Poesia em alta para tamanha alegria,
Em poetizar e declarar...

"Poesia sem parar!".

fevereiro 16, 2012

Derivados.

O gato bebeu o leite,
O leite estava estragado.
Cadê o bicho com meu leite?
Cadê o queijo já derivado?

Onde foi parar a uva que...
Vinha com o vinho de longe,
Mas parecia triste como a viúva,
Chorando como a fruta-do-conde!

Pingo dos olhos no rio,
Pingos da chuva no chão,
Pingos do 'i' no meio-fio,
Pingos de uva na mão.

Felino de fulano escapou,
A gata do vizinho foi quem falou,
O bichano está pelas ruas, soltando pelos!
E tomara que não perca seu zelo...

"Com o prato dos outros.".

Rafael Nicolay

fevereiro 15, 2012

Jeito mulher.

Mulher que é mulher não cansa,
Não para inquieta enquanto o mundo não a desperta.
Decompõe-se em lágrimas e lástimas do passado,
Mas é perdão para todo ser que está acordado.

Talvez seja um pouco vulgar o termo,
Mas mulheres são o que há de mais belo,
Dignas de um tratamento mais do que suave,
E em um entrave qualquer ganham pelo seu esplendor.

Não sou digno de falar de criaturas sinceras e meticulosas,
Muito menos ao ponto de dizer sobre sua forma de verdade,
Posto que sinceridade diverge de verdade e que também mentem!
Mas mulher, diga-me o por quê de teu sorrir tão belo.

Não tenho como mensurar ou explicitar o que sinto,
Deveras é a forma como omito esta condição,
De estar rendido, estar no chão... Do amor.
Eis o que significam! São como flores...

São outonos com sabores simples e complicados,
Mas nunca complexos ao ver de um ser tão perplexo...
E tamanha é esta perplexidade que permite o aclamar de minha saudade,
Permuta de nostalgia... Ou talvez seja de alegria...

"Perante meus longos invernos...
De dor.".

Rafael Nicolay

fevereiro 13, 2012

Aquarela.

O lápis pintou em um papel de pão
O que o poeta escreveu a mão
E deixou o nada que ali tinha
Em cores que seu peito mantinha.

Entre o vermelho paixão e o vermelho amor,
O amarelo ouro e o azul sem cor,
Às nuvens do céu e tantas aquarelas escritas no papel...
O poeta deixou e não se lamentou.

Permitiu ao mundo que olhasse o seu tesouro,
E com tanto zelo postergou a guarda de seu ouro...
Mas aos olhos rancorosos da vida e do Homem,
Amedrontou-se pelos temores que tantos outros ali comem.

Mas como quem não sabia de nada,
Seu ouro era uma donzela pintada
Com o verde em seus pés e o azul em suas mãos,
O amarelo em suas vestes e o vermelho em seu coração...

E ali estava sua pequena princesa,
Em papel feito mar, à pequena sereia!
Por fim o mundo pôde conhecer
A essência do seu simplório poeta ao dizer

O que poucas almas falam,
O que os olhos dizem, mas as bocas calam!
O que perdura entre a frequência e a ausência da dor...
A verdade do poeta que falava de amor!

"E como dizia o poeta:
'Eu te amo, minha prosa inquieta!".

Rafael Nicolay

fevereiro 11, 2012

Ingredientes principais!

Eu? Eu! Eu...
Perdi o foco e o assunto
Deixei de lado o presunto
Com a manteiga e o pão...

Faltou-me paixão!
Para preparar o que comer...
E nosso almoço?
Talvez o jantar antes do amanhecer.

Mas e o que comeremos?
O que faremos?
Apenas o que estiver guardado,
Em um armário velho e mofado...

Mas e o que eu quero comer?
E o que eu gostaria de beber?
Bom, deixemos a subjetividade pra lá!
E que nossa alma se alimente... Já!

"Sem ingredientes a mais.".

Rafael Nicolay

fevereiro 09, 2012

O passageiro.


Acredito em suposições,
Mas excluo as superstições!
Embriago-me convicto,
Deveras formas de meu ofício.

Caminhando por casas e construções,
Perco-me mais entre as nações.
Que com ou sem bandeiras,
Depositam sua fé em vidas corriqueiras.

Sou o que você quiser ou o que sobrar,
Procuro ser a essência e o bem estar,
Sou a tua ciência e a tua veêmencia,
Mas sou o oposto e não só o desgosto.

Um passageiro em qualquer lugar do mundo,
Qualquer direção e com qualquer bagagem.
Um alguém sem qualquer descrição,
Um ninguém que está apenas de passagem.

"Um Zé da vida,
Um passageiro que só duvida."
Rafael Nicolay

fevereiro 05, 2012

Flor de papel.

Dedico a Lua e o verso,
A prosa e a rua e também o inverso!
Dedico à vida do ato,
O gesto e o fardo deste amor.

Farei um som e dedicarei a ti
E o coração que guardei aqui
Rima com teu pulso
E me entrega em teu curso...

De línguas e afins,
Letras e símbolos de um querubim,
De um anjo que caiu do céu,
Dedico a ti este meu anel...

Feito com uma parte do coco,
Simples e marcado que parece oco,
É a dedicação para teu véu,
Para que saibas como me fazes feliz...

"Minha flor de papel.".


Rafael Nicolay

fevereiro 04, 2012

Relatos da verdade.

E sou mais um em busca de filosofias, termos e formulação de teorias. Sou mais um parado e acomodado com as imagens diante de meus olhos! Sou mais um em um poço, posto a nadar com o outro que compete comigo sem a intenção de me salvar. Sou um dentre tantos com um pensamento de unidade um tanto quanto banal... Sou o que sou e não sei por onde começar, ante a busca de sorrisos perdi meu riso e difícil é a tarefa de encontrá-lo. Sou mais um parado diante de uma tela e resmungando as mazelas de meus defeitos em geral.

Sou apenas um que não sabe levantar, dizer não e se revoltar contra a mente pequena e limitada, ante o pensar.

Mais um, mais nada.

"Sou mais um 'Era uma vez...'"

Rafael Nicolay

fevereiro 03, 2012

Ela.


Ela é um pronome pessoal que estou me acostumando a usar,
Empregando nisso, naquilo e naquilo lá.
Ela que é um poema e uma poesia,
Ela é uma pessoa! É minha alegria...


É quem faz meus traços ressaltarem,
E nossos laços enfeitarem,
A sala de estar com pura nostalgia,
Arrumar o sentar com pouca ousadia.


Ela é como uma canção sem final,
Apenas um refrão que é fatal!
Para meu pobre peito, nosso leito!
Nobre coração que sem jeito perde a oração...


É de joelhos que eu rezo para ela,
E de costas acendo uma vela.
Faço promessa e dou três pulinhos,
Mas é dela o meu sorrir mansinho...


"E é para ela que meus olhos falam e
Resvalam palavras deste meu coração...".

Rafael Nicolay

fevereiro 02, 2012

Concreto e asfalto.


Acorda, levanta, trabalha e come.
Deita, arruma, caminha e dorme.
Gasta, penteia, cansa e corre.
Associa, interpreta, inquieta a fome.

E deixa explícito o modelo social,
Impregnado do vasto consumo desigual,
Entre o esplendor de quem anseia,
Para a elite que muito enseia.

Mentes vazias e incapazes de mudar,
Tamanha é a nostalgia dos tempos de se amar,
E não somente a si, mas ao mundo por solo,
Parar apenas aqui para descansar o colo.

São métodos e metáforas,
Que despejam em garrafas,
A tua liberdade como um rojão,
Entretanto, estás parado neste vagão...

"Longe de si...".

Rafael Nicolay

fevereiro 01, 2012

Um "Oi coração.".

- Ei, você!
- Eu?!
- É, você, sentada neste banco...
- Ahn, então sou eu... Pois não?

- É que eu queria falar algo para você, mas...
- Falar comigo? Algo? O que seria?
- É que... É que...
- É que o que? Chega mais perto, senta aqui!

- Mas... Mas...
- Mas nada! Anda, senta aqui, vamos!
- Então... Está bem!
- E agora? O que você queria me falar?

- Bom... Você quer mesmo saber?
- Sim! Quero sim! Afinal foi você quem começou essa conversa...
- Eu?! É verdade.
- Então, desembucha logo!

- É... Sobre seu coração...
- Meu coração? Como assim meu coração? Você não me conhece!
- É, mas...
- Mas nada! Estou indo embora... É! Isto mesmo, indo embora! E nada de "é...".

E antes que ela pudesse escutar: "É que ele é do tamanho do meu...".

"E há quem ouse falar do coração.".

Rafael Nicolay